Carqueja Doce (Baccharis articulata)
Família das Compostas.
Subarbusto ramosíssimo, ramos lenhosos, articulados, bi-alados, sendo as alas rígidas, planas, de 25mm, ininterruptas e às vezes viscosas, glabras, folhas rudimentares quase nulas, capítulos de flores brancas, insignificantes (amareladas nos indivíduos masculinos), dispostos em espigas densas; fruto pequenino, glabro.
É planta um pouco resinosa, amarga e digestiva, rica em saponina e reputada tônica, febrífuga, diurética, útil na cura das dispepsias atônicas, da debilidade orgânica e da mesma, sendo que se lhe atribui a mais benéfica ação quando, em 1849, o cólera-morbo invadiu o Brasil.
Passa por ser sucedânea da losna (Artemísia absinthium, L.), entra na fórmula da "água inglesa" do Hospital de Misericórdia do Rio de Janeiro e também é utilizada na medicina veterinária para combater a diarreia do gado.
Esta espécie, e provavelmente outras do mesmo gênero, cortada em pedaços e estes logo enterrados, constitui bom adubo para certas plantas que exigem terra úmida.
Como já assinalamos para a B. glomeruloides, Pers., a população rural argentina acredita igualmente na eficácia desta espécie contra a impotência sexual do homem e a esterilidade da mulher.
Há a variedade gaudichaudiana (B. gaudichaudiana DC., B. diptera, Sgultz-Bip.), de alas mais largas.
Vegeta de preferência nos campos secos, mesmo pedregosos, onde constitui um elemento característico pela sua abundância, sendo que se desenvolve perfeitamente até mesmo nos gramados e nos currais, sob o piso constante dos animais (Lindman).
Sua maior produção no Brasil registra-se nos Estados de São Paulo e Rio Grande do Sul. Aliás, no Rio Grande do Sul é conhecida como Carquejinha.
Partes utilizadas
Ramos alados.
Indicações
Afecção (fígado, estômago); controlar a impotência masculina e a esterilidade feminina, debilidade orgânica, dispepsias atônica; enfermidades do baço, da bexiga, do fígado; enjoos, febre, prisão de ventre.
A planta contém lactonas diterpênicas que apresentam atividades contra cercárias de Schistosoma mansoni, (causador da esquistossomose), ação letal sobre o molusco Biomplalaria glabrata (hospedeiro intermediário do S. mansoni), e inibem o crescimento do Trypanosoma cruzi (protozoário causador da doença de Chagas).
Modo de usar
Maceração, tintura, extrato. Maceração de 6 g (verde ou 2 g seco) de ramos em um copo d´água fria. Deixar seis horas. Dividir em 3 doses e tomar depois das refeições principais. (preferencialmente colocar em maceração na hora de dormir, para começar a tomar na manhã seguinte. Manter na geladeira e não usar após 24hs.); Tintura: tomar até 60 gotas em uma xícara de água, após as refeições; Extrato: tomar 20 gotas em uma xícara de água, após as refeições.
Propriedades medicinais
Antianêmica, anticolesterolêmica, antidiabética, antidiarréica, antiespasmódica, antipirética, antirreumática, antisséptica, diurética, depurativa, digestiva, estimulante da fertilidade feminina, eupéptica, febrífuga, hepática, tônica.
Princípios ativos
- Parte aérea: ácidos a e b-resínicos, resínico, oleanólico e crisosapônico; santonina, absintina, luteolina, quercetina, articulina, acetato de articulina, genkwanina, acacetina, 7,4'-dimetilapigenina, cirsimaritina, salvigenina, jaceidina, jaceosidina, lupeol, chondrillasterol;
- Flores: barticulidiol, diéster malonato acetato, bacchotricuneatina A; - óleo essenial: a-pineno, cis-cariofileno, g-elemeno, b-guaieno, d-cadineno, aroma dendreno.
Contraindicações | Cuidados
Abortiva, se ingerida por 10 a 15 dias seguidos.
Não encontrados na literatura consultada.
Não utilizar a parte subterrânea. Extrato da planta inteira causou a morte de cobaias.
Família
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Compostas