Mamão (Carica papaya)
Fruto de sabor doce oriundo da América tropical, a papaia verde contém enzimas digestivas que implementam os sucos digestivos do corpo.
Da família das Caricaceae, também conhecida como mamoeiro, mamão-do-amazonas, mamãozinho, mamoeiro, papaia, papaieira, pinoguaçu, papaya. Planta de crescimento rápido, latescente, o mamoeiro chega a atingir de 3 à 5 metros de altura. Seu caule oco, reto, cilíndrico e mole e de casca fina, é dilatado na base e ramificado no topo, onde apresenta as folhas. À semelhança da palmeira, o caule do mamoeiro apresenta visíveis cicatrizes dos pecíolos, que são marcas de onde caíram as folhas. As folhas são alternas, grandes, ásperas, partidas, com 7 lóbulos oblongos, e de longos pecíolos. Apresentam cor verde escura na face ventral e verde clara no dorso.
Existem espécies de mamoeiros machos e fêmeas. As flores da espécies fêmea são brancas e amareladas, e nascem grudadas ao caule, logo abaixo do pecíolo das folhas. As do macho brotam agrupadas em cachos pendentes por um longo pedúnculo, distante do caule. Em geral, somente a espécie fêmea é que dá frutos. Entretanto, em meio das inflorescências do macho, surgem algumas flores hermafroditas, e neste caso, dará um fruto chamado mamão-de-corda ou mamão-macho. O fruto é uma baga de forma e tamanho variado, de cor verde-escuro, que se torna amarelada ou alaranjada quando do amadurecimento.
Apresenta uma polpa amarelada, suculenta, aromática, doce e uma cavidade interior repleta de sementes. O fruto, quando ainda verde, possui um suco leitoso, denominado látex. Sua reprodução é feita por sementes, preferindo solos profundos, permeáveis, bem adubados, não tolerando alta salinidade. Se aclimata bem em locais quentes, com boa distribuição de chuvas. Propaga-se espontaneamente e com extrema facilidade, podendo ser encontrada em pastagens e fundo de quintal.
Partes utilizadas
Frutos, látex, sementes.
Indicações
Abscessos, ameba, asma, bronquite, fígado, inchaços, inflamação, olheiras, prisão de ventre, regimes de emagrecimento, rins, efélide, vermes,hérnias de disco; Distúrbios da digestão; Edema e inflamação pós-cirúrgicos e traumáticos; Eczemas, verrugas, úlceras; Rouquidão, tosse, gripe, asma; Icterícia, depurativo do sangue; Mal de Parkinson; O látex do fruto age sobre feridas cutâneas e é extremamente eficaz nas ulceras de difícil cicatrização, como em portadores de diabetes, escaras e as provocadas por queimaduras; Lesões gástricas: alternativa aos tradicionais Omeprazol e Ranitidina.
Modo de usar
- fruto "in natura", na forma de sucos, vitaminas e saladas, no preparo de doces, pudins, bebidas e sorvetes;
- O látex extraído do fruto verde: em máscaras faciais (para nutrir os tecidos e suavizar a pele), na elaboração de esfoliativos, acelerando a regeneração da pele, em cremes para cutículas dos pés e das mãos e xampus;
- em cataplasma para os olhos;
- algumas gotas do látex em água fervida: asma e diabetes;
- sementes secas e moídas, em um chá: vermifugo;
- sementes 'in natura": ameba, bronquite, asma, diurético, prisão de ventre, inflamação.
Afecções das vias respiratórias: em 1 xícara de chá, coloque 1 colher de sobremesa de flores masculinas picadas e adicione água fervente. Abafe durante 10 minutos, coe e adoce com mel. Tome 1 xícara de chá, 2 vexes ao dia.
Prisão de ventre : coloque no liquidificador 1 pedaço de mamão maduro, o suco de 1 laranja e 3 ameixas pretas sem sementes. Triture bem. Tome o suco, de manhã, em jejum.
Digestivo : coma 1 fatia de mamão maduro, antes do café da manhã, todos os dias, mastigando muito bem.
Cicatrizante de feridas : lave um mamão verde, retirando toda a sujidade. faça um buraco na parte do pedúnculo e retire todas as sementes. Preencha a cavidade com açúcar mascavo ou cristal. Deixe em repouso, em lugar quente, até dissolver o açúcar. Lave a ferida, enxugue bem, e em seguida, aplique o líquido obtido. Cubra com gaze, deixando agir por 2 horas. este preparado deve ser guardado em geladeira, podendo ser aplicado frio.
Vermes : faça uma mistura de 1 colher de chá de látex com igual quantidade de mel ou rapadura. Tome em jejum, antes do café da manhã.
Verrugas; calos ; em um recipiente, coloque 1 colher de sobremesa do látex e 1 colher de sopa de glicerina e misture. Banhe a verruga ou calo com água morna, enxugue e esfregue o local com uma toalha seca. Aplique nas partes afetadas, com um chumaço de algodão. Repita o tratamento, de 2 a 3 vezes na semana.
Problemas digestivos : Quando se corta o fruto verde, sai um suco branco espesso, ou látex, que contém papaína (enzima digestiva). A papaína decompõe proteínas, sobretudo em meios alcalinos, sendo um suplemento útil para uma digestão eficaz no intestino delgado, quando as secreções digestivas normais são deficientes. A papaína também é usada para tornar a carne mais tenra, sobretudo na indústria da comida rápida.
Propriedades medicinais
anti-inflamatória, calmante, cicatrizante, digestivo, diurético, emoliente, esfoliativa, laxativa, nutritiva.
Princípios ativos
papaína, ácido ascórbico, ácido cítrico, ácido hidrociânico, ácido málico, mucilagem, resina, serotonina, sais minerais (cálcio, fósforo, ferro, sódio e potássio), vitaminas A e C.
Contraindicações | Cuidados
A enzima papaína pode induzir respostas alérgicas severas em pessoas sensíveis. O látex pode ser um vesicante e causar irritação severa. Internamente, o látex pode causar uma gastrite severa; Carpaína foi mostrada capaz de causar a paralisia, causar uma diminuição da frequência cardíaca e da atividade do sistema nervoso central. O mesmo composto pode também possuir alguma atividade amebicida, também deve ser evitado durante a gravidez.
Farmacologia
Cortes rasos na superfície da fruta crescida mas ainda não madura causam a exsudação de uma seiva leitosa, que é coletada, secada e denominada papaína bruta. A papaína é uma mistura de enzimas que degradam outras proteínas. A quimopapaína foi fracionada em subcomponentes designados "A" e "B". Este composto é muito similar a papaína em seu espectro de atividade proteolítica, embora seja menos potente no que diz respeito à degradação de proteínas Outros componentes da papaína degradam carboidratos e gorduras As sementes contêm a caricina, um glicosídeo.
Quando a caricina é combinada com a mirosina, um odor parecido com mostarda é produzido. As sementes e a polpa do mamão contêm benzi-glucosinolato. Este glucosinolato é hidrolisado pela enzima mirosinase para produzir o benzil isotiocianato. O maior glicosídeo cianogênico do mamão é o (2R)-prunasina, com pequenas quantidades de sambunigrina também presentes. O alcaloide carpaina também foi identificado nas folhas. A papaína foi usada extensamente na medicina popular para o tratamento de desordens digestivas, particularmente aquelas associadas com a ingestão de alimentos ricos em proteína.
Acredita-se que o chá feito das folhas fermentadas do mamoeiro produz uma mistura de enzimas proteolíticas mais rica do que o chá das folhas frescas. A papaína também foi usada como um vermífugo e como um componente de cremes faciais para amaciar a pele. A papaína é vendida comercialmente como um amaciante de carme. No princípio dos anos 80, a quimopapaína foi aprovada para uso em injeção intradiscal nos pacientes com hérnia dos discos intervertebrais lombares e quem não tinham respondido à terapia comum. Este procedimento é eficaz mas permanece o foco da muita controvérsia, particularmente a respeito da segurança da administração da enzima.
Choque anafilático foi inicialmente relatado ocorrendo em aproximadamente 1 % dos pacientes que receberam a droga, várias fatalidades também foram relatadas.
Estatísticas mais recentes, entretanto, indicam que a anafilaxia ocorre em menos de 0,5% dos pacientes, e outros eventos adversos, tal como problemas neurológicos, raramente ocorrem.
A papaína é usada para controlar o edema e a inflamação associados com o traumatismo acidental ou cirurgia. As soluções de papaína produziram efeitos terapêuticos em pacientes com desordens inflamatórios dos órgãos genitais, do intestino, fígado, e do olho. As soluções de papaína (0,1 % a 1 %) também diminuíram in vitro o peso da crosta da queimadura e aceleraram a cicatrização experimental de queimaduras in vivo. A papaína é usada como facilitador da digestão, e também possui componentes antioxidantes tal como a vitamina C, ácido málico e o ácido cítrico.
A papaína é instável na presença dos sucos digestivos, o que pode explicar a sua ineficácia como um vermífugo. Um estudo demonstrou que a papaína possui alguma atividade in vitro contra parasitas helmintos, porém o composto benzil isotiocianato é considerado ser o único componente vermífugo nos extratos da semente de mamão. O composto benzil isotiocianato encontrado na polpa e nas sementes do mamão também é um potente indutor da glutationa Stransferase, uma enzima de fase 11 envolvida na desintoxicação celular de xenobióticos e de metabólitos reativos; Uma atividade bacteriostática do mamão contra diversos agentes enteropatogênicos tal como o Bacillus subtilis, Enterobacter cloacae, Escherichia coli, Salmonella typhi, Staphylococcus aureo, Proteus vulgaris, Pseudomonas aeruginosa, e Klebsiella pneumoniae, foi documentada; Um relatório de 1978 sugeriu que a papaína é teratogênica e embriotóxica em ratos.
Diversos estudos I investigaram se o consumo de mamão é seguro durante a gravidez. Os ratos alimentados uma mistura de mamão maduro no lugar da água não mostraram nenhuma diferença no número de locais de implantação e de fetos viáveis. Entretanto, o consumo do mamão verde ou semimaduro que contém uma concentração mais elevada de leite de mamão (látex), pode ser prejudicial durante a gravidez. O látex bruto do mamão induziu a contração espasmódica dos músculos uterino, de forma similar a oxitocina e a prostaglandina F2-alfa. Nenhum efeito adverso no desenvolvimento pré-natal foi observado em ratas fêmeas Sprague-Dawley que foram administradas um extrato aquoso bruto de sementes da papaia, com uma dosagem baixa de papaína. Alguns textos promovem dados que não possuem um suporte científico adequado, como a ideia que o consumo de mamão verde por 3 dias consecutivos pode induzir o aborto. Também se acredita que, quando consumida diariamente, a papaína na fruta madura pode ter uma atividade contraceptiva fraca. Os autores destes textos acreditam que a papaína suprime o progesterona que, é necessária para a concepção e a gravidez. Finalmente, os mesmo autores acreditam que a papaína também pode afetar uma membrana vital envolvida no desenvolvimento fetal.
A ingestão das grandes quantidades de papaína ou de mamão foi associada com a perfuração do esófago.
O extrato da semente do mamão pode exercer efeitos potencialmente tóxicos no músculo liso vascular de mamíferos. O composto benzil isotiocianato, o principal ingrediente bioativo na semente, inibe irreversivelmente a contração da artéria carótida de cães. O extrato de mamão, quando presente em concentrações elevadas, foi encontrado ser citotóxico, aumentando a permeabilidade da membrana plasmática ao cálcio. Resultado de estudos sobre a atividade do mamão no tratamento de edemas, inflamações e traumas - A atividade diurética é associada com os extratos aquosos do Carica papaia. Os ratos machos e adultos tomaram uma dose oral de 10 mglkg de extratos da raiz do Carica papaia. O aumento da excreção da urina demonstrada (P < 0,01) foi similar ao efeito produzido com a administração de 10 mg/kg de hidroclorotiazida.
História | Origem | Plantio | Habitat
América tropical. Atualmente é cultivado em todos os países tropicais. É considerada uma planta tipicamente brasileira.
O fruto verde ou maduro deve ser guardado em geladeira por alguns dias. As flores masculinas devem ser secas ao sol. Para a obtenção devem ser secas ao sol. Para a obtenção do látex, devem ser feitas incisões longitudinais de aproximadamente 3 mm, espaçadas cerca de 12 mm entre si, no fruto verde ainda na planta. Pode-se usar a ponta de uma faca ou os dentes de um garfo. O látex deve ser recolhido em recipientes de vidro escuro, na parte da manhã, quando o orvalho já secou e não há chuva. Essa operação pode ser repetida a cada 4 a 4 dias. O látex deve ser seco ao sol.
Família
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Caricaceae